terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Viver sem tecto. Morrer sem chão

Á procura do seu sonho, na esperança de concretizar os seus ideais, deixou o seu país e sua família… Motivação e vontade de procurar e encontrar algo melhor era a esperança que trazia na sua bagagem de viagem…

Teve a ousadia e a coragem de arriscar, mas não teve a humildade e a ponderação nas suas escolhas e meios para atingir os seus objectivos, bem como, creio que não seguiu o seu coração para bem perto da sua família…

Acabou por abandonar a sua família e os valores que lhe fez vir para cá, dando oportunidade à miséria e à pobreza invadir a sua vida, não só em aspectos materiais, mas principalmente a pobreza como ser humano e pobreza em sua alma.

Com ajuda, conseguiu permanecer 10 anos, ilegal, sendo uma pessoa sem rosto mas um número para a sociedade… Não exercendo a sua formação deixou-se levar pelo comodismo e banalidade… Portugal proporcionou uma nova vida, mesmo sendo de miséria, que fez perder as suas raízes. Questiono o porquê de não voltar para o seu país e deixar-se degradar desta forma…

O seu mundo à parte construiu…! No álcool se refugiou, a sua casa sem tecto encontrou e infelizmente a sua morte sem chão defrontou… Não sabemos quantas horas ficou no vazio do gelo do chão, mas o chão, unicamente o chão, foi o seu companheiro de fim de batalha. Mesmo agora não tendo um chão para descansar em paz!

Desemparado e sem ninguém, um corpo cá permanece e em paz não pode ficar pois não temos ande o colocar… As pessoas que o quiseram-no ajudar não conseguiram seu comportamento modificar, agora dizem que tudo diferente devia ter sido feito…. Questiono, é preciso isto acontecer para que as pessoas assumem as suas responsabilidades?! E os amigos?! A escolha foi dele, mas não foi capacitado, nem auxiliado para algo melhor… e isto é da nossa responsabilidade como profissionais! Falta de recursos? Falta de oportunidade? Falta de tempo?

Se as coisas tivessem sido diferentes agora não estávamos a desperdiçar os recursos com o seu enterro, a perder o tempo na procura da sua família para anunciar a sua morte… e sim, estaria ainda vivo.


Pior que viver sem tecto, é morrer sem chão!

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